Nem sempre olhar é ver

Nem sempre olhar é ver

Chegar a Bahia, Salvador, depois de meses navegando pelo centro do Brasil é a sensação de porto seguro imerso na moqueca psicodélica. É muito bom perceber o quão felizardos nós aqui estamos, nele polo de tecnologia de humanidades, diria que o melhor da Bahia é a humanidade que o povo daqui gestou, essa forma de afeto, de bem querer generalizado, acho essa uma característica  geral da Bahia, essa energia ancestral de orixás e africas aqui desaguados.

Amanheci um desses dias, a beira-mar, à beira da Baía de Todos os Santos, o sol pousando no mar plácido, leitoso a esperar as ondas de calor que junto com a brisa emanam no dia, calor, suor. o verão se aproxima e com isso o desejo de desejar embebe as almas, as ruas, os corpos…

Voltar a Salvador depois de meses, faz um bem sem igual a alma, sem o céu de mar do planalto, mas com o mar de universo da Bahia, o dendê dos acarajés borbulhando em inúmeras ruas e a memória dos orixás vagando por ruas, marés, ventos e sombras, em verdade tudo uma festa, para a retina, para os sentidos. Faço da memória das ilhas e correntezas a leveza com que tateio um tempo a vir, tempo esse, imerso no caldo de viver e vida a borbulhar no firmamento dessa Bahia de Todos os Cantos…

Aqui de onde lanço essas palavras ao mar, ruidosas e numerosas cigarras enchem o tempo, num compasso sem fim, faz muito calor, ao céu se misturam as cores psicodélicas do ruir do sol. Cigarras, ceús e tintas para esse navegar o céu de mar de Brasilia, tenho conhecido a cidade e seus pontos cardeais organizados, tenho conhecido essa cidade e toda sua gente, muitos sotaques, muitos caminhos, uma grande encruzilhada, hipervia de um brasil que se inventou.

tenho falado muito sobre o tempo e é natural, pois falar do tempo é falar da nossa época, esse estar/ser/aqui/agora, esse mundo de bolsas em alta e queda, de sequestros passionais e receitas via pixels ao amanhecer.

Estamos na linha do tempo, onde tempo é espaço e vice-versa, os dias condensam meses de acontecimentos, as horas são dias a passar e as vezes um segundo dura uma eternidade, assim é esse tempo, assim me passam aos olhos aeroportos, paisagens, acenos de adeus, beijos de encontro/despedida, filmes amanhecendo na tv, novelas, poeira do cerrado, maresia, montanhas, neve, frio, calor, sede, muita fumaça subindo e devaneios coloridos.

O tempo de um navegar aos céus, produz em nós uma eterna busca de um tempo que sempre falta para algo, uma palavra não dita, aquela música que não tocou naquela hora, a carona que perdeu por causa daquele telefonema. Sempre isso!, não há tempo que dê para metade das demandas, queremos muito sem estar querendo nada, bem em verdade, esse é o tempo das vertigens, das ventanias e tempestades, mordemos o rabo ao infinito, mas sobra isso apenas?

Essa velocidade tem seus requintes e prazeres, microcosmos, redes e comunicações celestes, encontros, muitos encontros e esse ir e vir para lá e para cá. eu em particular adoro a louca e fragmentada produção de imagens, muitas imagens, muitos discursos, muito lixo, muito, muito, resta-nos roubar e transformar o sentido de todas as coisas, ou a falta de sentido de todas elas.

Lancemos então cartas ao mar, uma carta ao mar é uma afronta ao tempo, uma afronta a aceleração, lançar cartas ao mar é fazer poesia, pelo navegar, lanço ao tempo as letras, com todas as palavras que não disse e outras que diria também, lanço uma carta ao mar, sem esperar nada dela, lanço apenas, verso no translúcido da garrafa, sem porto, sem destino, uma carta ao mar, aposta na poesia nessa coisa sem sentido que é ficar devaneando frente a essa tela, aqui no meio do país, nesse calor retado, como novos baianos a tocar atemporais aos ouvidos e corações…

Dom quixotes e o tempo...

Dom quixotes e o tempo...

Na louca aventura do viver, a passagem do tempo sempre é um mistério, vivemos na época das acelerações de compressão espaço-tempo, do excesso de informação, da multiplicidade de funções de uma total fragmentação da vida e das subjetividades, imersos nesse mar, estamos ai a viver experienciando coisas, sentimentos e disso adquirindo o nosso tempo, “…Temos nosso próprio tempo…”

Tempo é uma experiência pessoal, eu cá, atras dessa tela e desses olhos, tenho tido oportunamente uma sensação JK, ou seja, 50 anos em cinco. Nunca tinha me atentado a JK, tinho uma grande crítica por ele ter implantado a hagemonia do carro e transporte rodoviário, mas andando por Brasília esses tempos, revisitei minha impressão sobre JK e agora admiro demais sua excentricidade, pois naquela época jogar uma cidade nas mãos de Lúcio Costa e Niemeyer, era no mínimo uma atitude quase poética, bem sei que não estou levando um monte de coisas em consideração, mas essa é missão para os cientistas políticos e historiadores.

Mas sobre o tempo, fico me recordando dos odus dos orixás, estes vivem no orun, um lugar que gravita noutra lógica temporal, coisas que não tem fim e histórias que se repetem o tempo todo, aliás como aqui, mesmo com toda contemporaneidade, as histórias se repetem o tempo todo, a roda da vida, ad infinitum sempre esta tecendo seu  girar e as coisas vão passando aos nossos olhos, os sentimentos nos atravessando e assim vamos a navegar, mas e quando  tempo esta acelerado? e quando passado, presente e futuro passam em uníssono? O tempo das imagens é um pouco assim, fico trabalhando dia a dia com digressões de tempo, imagens e poemas são grandes contrasensos temporais.

Drumond em Mãos Dadas, falava que sua matéria era o tempo presente, a vida presente, concordo com ele, essa coisa dos pés no presente, garante longa navegação e não há de se abandonar o poema, nem o devaneio, eu por cá, atrás dessa tela, atras desses olhos, dentro desse corpo, mesmo com a minha recente sensação JK, construo um dia de cada vez meu navegar, um dia de cada vez a voz do coração, um dia de cada vez o love way of life, misturando esses papos hippies com os pés na terra.

Levando tudo ao cabo das metáforas marinhas, vamos ao sabor do vento, com mãos no leme, por que é preciso estar com as mãos no destino em alguma medida. Levemos do tempo o saber do presente, o leme apontado para o futuro revisitando o tempo de outrora, pois o ento sempre sopra, as vezes mais, as vezes menos. Ao longe paira a ilha, como mistério aos olhos, pausa nos sentidos e o inexato dos relógios d’alma…

Tenho sonhado aos montes por esses tempos, sonhos de resolução de problemas, encontros de amor, sonhos e mais sonhos, vai ver que por cá no centro do Brasil se sonha mais a noite, sonhei tanto na última noite que acordei com uma canção na cabeça, alias, a canção que gostaria de ter feito, pois anda povoando várias passagens da minha vida.

A canção é Choro Bandido, de Chico Buarque e Edu Lobo, vou te dizer, Chico Buarque consegue mexer com as visceras, acho ele partidário de uma utopia pirata também, um sujeito com o pé amarrado na poesia há tanto tempo só pode partilhar de um sentimento assim. Segue então o texto e por hoje encerro as letras e perdoai a pirataria, mas por vezes é mais que fundamental, por que navegar, viver e sentir tudo até o fim dos ventos é a única escolha possível.

Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Você nasceu para mimMesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim

Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons.

Ontem fui ao Clube do Choro, ver e ouvir um show do amigo Paulo Moura, no repertório muitas musicas de Tom Jobim, tocadas a fundo na emoção através da clarineta translúcida de Paulo.

Há na minha cabeça uma relação inseparável entre a bossa nova e  Brasília, primeiro por conta de uma geração de artistas, por um ideário de modernindade, mas essencialmente por um certo romantismo impregnado na época em que Brasilia surgiu. A mão de Niemeyer persenguindo as formas femininas resultou na surrealidade de várias construções daqui, olho para as curvas e quase soa aos meus ouvidos, “…há menos peixinhos a nadar no mar, do que os beijinhos que darei natua boca…”, a cidade é uma trova física, uma grande canção, perpassada por poesia concreta, le Corbusier, Lúcio Costa e a idéia de uma mulher plácida, poema monumental posto em voo frente ao horizonte, ” Vem navegando o azul do firmamento  E no silêncio lento Um trovador, cheio de estrelas…”

A geração da bossa nova fez a genuina trova romântica nacional, linda intensa e muitas vezes bem sofrida, quase epopéias do amar, mas como valem as analogias seria talvez dessa natureza a experiência amorosa, no entanto os bossa novistas investiram também numa celebração da beleza, da mulher da alegria de viver, das cores, num samba de salão. Carregaram de certa forma a Utopia Pirata, dos amores sentidos, antes dos amores difíceis, antes do medo, da fragmentação e da poesia levada pelas ondas do mar.

De certa forma ainda existia uma certa inocência no trovejar, “…Vou te contar, os olhos já não podem ver, coisas que só o coração pode entender…”, uma certa pureza, será que eramos mais adolescentes como nação? ou ainda acreditávamos na poesia? Não tenho nenhuma resposta até por que minha crença na poesia é mais que religiosa, todavia ontem, apenas me deliciei nos acordes, fui levado pela wave, luiza, chega de saudade, fiz dos versos a celebração dessa cidade mulher, dessa cidade onde o céu é mar. Quem sabe definir o amor nesses tempos partidos? importa a definição? quero um filme da Almodovar e o vento a soprar, enquanto houver verso naveguemos, celebremos, cantemos, mas do que a idéia de amar alguém, fundamental é mesmo o amor por si só, com isso então, não há mar nem oceano que não possa ser navegado, nem ilha impossível de chegar, por que no fim das contas “São bonitas, não importa. São bonitas as canções…”

carlitos a vadiar...

carlitos a vadiar...

Ando numa intensa atividade mental, pensando horrores sobre o viver, sobre as correntezas, sobre o tempo e tudo o mais, as vezes precisamos fazer grandes avaliações, para sermos justos conosco e com o mundo, manter o passo reto mesmo frente as dificuldades nos traz serenidade, apesar de minhas utopias serem piratas, considero que a sinceridade vale mais que qualquer artificio de malandragem, aliás a malandragem e a mandinga são boas em roda de capoeira, nesse formato, pois nos trazem a dimensão jocoza, quase clownesca frente ao jogo, é a risada onde está sério, é a ausência de gravidade onde tudo é grave.

Mas nem sempre na vida podemos suscitar todas as metáforas da capoeira, embora a roda de capoeira seja uma metáfora perfeita do viver, as vezes você cai, mas levanta, as vezes acha quem quer ser desleal e ainda assim tem que estar ali rodando frente a quem no mínimo descuido vai te atropelar, por outras vezes encontra um mestre, que te mostra que pode te derrubar de todas as maneiras, mas não derruba, apenas o faz observar onde você esta sendo descuidado. A roda de capoeira é assim a dinâmica da musica, com a dinâmica de dois ali a dançarem, lutarem, brincarem, reverenciando o ritual de ali estar.

Da capoeira para a vida diria que o maior valor  é o jogo de cintura, aqui para os desavisados, não se trata de nenhum tipo de coreografia, jogo de cintura é a capacidade de adaptação, de resistência, de possibilidade de transformar em positividade todo o ambiente desfavorável. Se hoje somos uma nação basicamente se deve ao jogo de cintura, em suas mais derivadas instâncias, mas jogo de cintura sobretudo dos africanos que aqui chegaram e conseguiram aqui preservar mais sua a cultura mais do que em vários lugares da áfrica e aqui semearam parte importante da nossa brasilidade.

Então caro leitor examine ai seu viver e pense no tanto de jogo de cintura que se é necessário para andar, versejar, caminhar, navegar, quantos rochedos não temos que desviar, quantos esquadrões de panzers não temos que evitar, quantas coisas…

Evoco aqui um dos mestres do jogo de cintura universal, Carlitos, criação solene de chaplin, pudera eu um dia trafegar como Carlitos, não vagabundo, embora vadiagem seja coisa boa, mas a cultivar as flores por onde o peso do cotidiano faz tudo cinza, onde se faz  ternura frente a truculência e a falta de ouvidos, onde é possível rir sempre de si próprio. Se me perguntassem hoje, uns anos atraz, o que queria ser, diria Carlitos!!!  nem médico, nem astronauta, nem soldado, apenas Carlitos, livre como um cão, sem fronteiras, alegre como criança, a balançar tal qual dançarino frente a dureza do mundo, pudera eu cair e levantar daquele jeito, sem gravidade, como que flutuando no mar…

Navegar é preciso e o viver é impreciso, parafraseando Fernando Pessoa, mergulhamos na imensidão marinha do viver.

Ouvi muitas metáforas sobre a vida em  momentos diferentes da minha vida, várias, diria que toneladas de matáforas, mas ultimamente ouvi uma que define muita coisa sobre essa coisa louca, essa dádiva, que nos é dada de uma forma tão misteriosa e que nos traz no passar do tempo muitas perguntas e questões além das perguntas fundamentais,  sobre nós e as coisas que vamos sentindo com o passar dos anos.

Mas voltando a metáfora, seria a seguinte: A vida é um chocolate meio amargo, tem a sua doçura, mas também tem seu amargor. Ouvi a metáfora de segunda mão, mas achei muito pertinente, na verdade traz a mim outra questão, que no fim das contas quem escolhe o que vai prevalecer é você, eu, enfim o sujeito que tem lá seus percalços, pois vida sem percalço não conheço, nem nas fábulas. Todo mundo tem lá seus momentos de dificuldade,  todos tem as suas tempestades a enfrentar. E depois de algumas tempestades nada mais parece impossível de se atravessar e a utopia reside em fazê-lo com poesia, rindo de si próprio, isso sim, quando rimos com verdade de nós mesmos tudo perde a gravidade, pode-se levitar e ter a calma e fluidez que o tempo nos exige para lidar com os problemas e dificuldades.

Ninguém está falando que é fácil, ninguém está falando que é simples, ninguém está falando que não existem dores ao largo da passagem, afinal o chocolate é meio-amargo, resta saber que cor você quer que predomine, que sabor? que estado de espirito? Eu escolhi o azul da profundeza, a alegria do navegar, mesmo quando a tempestade fecha o horizonte e varre os mares de ventos, ondas e chuva acinzentando a paisagem, sei que há horizonte, há sol e plantações, campos sem fim de alegria para se esbaldar.

Talvez fale de uma perspectiva muito tropical, vim da Bahia para navegar, vim da Bahia para versar e por muitos dias passarei por lá… Penso que cá nos trópicos a maior contribuição que podemos dar ao mundo é de nossa alegria de viver, mesmo quando tudo parece improvável, mesmo quando o pão é caro e liberdade pequena, ou seja, de fato ser feliz é uma escolha, hoje percebo assim, resta saber quem está pronto para escolher tal coisa? por que sempre existirão as tempestades, as marés e as correntezas.

Aqui na minha utopia, nessa escolha pelo sentir, posso falar que as tempestades são trabalhosas, mas é ai cara pálida? vai deixar a vida te enrijecer? vai ficar com medo de sentir? vai ficar no azul da superfice? Contracultura de boutique não me cai bem, portanto e mais uma vez explicando a utopia pirata não como pilhagem e saque, mas como uma escolha pelos caminhos do coração, por essa coisa rebelde que é ter coração, que é enxergar o outro, que é sair da navegação de umbigo que domina o mundo e o viver.

A primeira vez que aterrisei do mar-céu no solo de Brasília, me encantaram as cores impressas em tudo ao redor. Então a impressão foi de um colorido sem igual, diferente das cores supersaturadas da Bahia, que tem também sua singularidade marinha, que tem sua vida solar, mas aqui tudo me pareceu mais definido: o azul mais azul e as nuances entre tons infinitas e maravilhosas.

Depois de um tempo, descobri a humanidade aqui depositada, a cores de humanidade aqui impressas, gente de todos os lugares, línguas, olhos, olhos vivos, oceanos de ternura e de encontro. Não há porto seguro, sequer talvez haja porto. Seria então aqui o oceano que encontra com o rio, que encontra com a terra, paira no céu e tem a face suspensa de mar.

A Utopia Pirata é aqui o navegar na imprecisão das horas, Brasília, cidade mulher, repousando solene nas retinas, como poema de concreto e branco a girar, de largos horizontes, suas cores de mar-céu, entre luas, sóis. Seria a cidade ilha, aonde se chega depois da odisséia. A cidade horizonte, a cidade de um tempo a vir – num certo sentido, uma cidade mágica, pois é uma grande encruzilhada de direções, corações e de encontros a se materializarem.

Navegar no céu de mar é uma aposta no tempo, na dimensão humana e na quimera de um porto que não paira no ar, mas gravita de coração em coração….

Utopias Piratas é o título do livro escrito por Peter Lamborn Wilson, que muitos dizem que é o Hakim Bey. O livro conta de enclaves que existiram na costa norte da Africa, por volta do século XVI e que foram sociedades cuja economia era baseada na pirataria e seus modelos de organização eram digamos a contracultura da época, modelos de governo e gestão da vida social avançados para o contexto da época, uma contracultura perdida no espaço tempo da história, antes de nela serem aditivadas o paz e amor.

Por outro lado a pirataria acabou virando para mim uma síntese do espirito sem fronteiras, da liberdade, do multiculturalismo, da essência traveller, portanto subtraídas as partes sanguinárias seriam as utopias piratas nesse blog as metáforas de um viver mais a poesia, a essência do navegar é preciso e de matéforas marinhas sobre a trajetória do viver relacionando a idéia do que é a pirataria, paz, amor e um mundo sem fronteiras, utopias piratas é síntese de minha impressão sobre esse viver em poesia e mar….